domingo, 27 de maio de 2012

Destino: Educação


Eu estava assistindo um documentário no canal futura sobre a educação coreana. Nesse documentário foi mostrado de como os pais estimulam os adolescentes a serem concorrentes, sempre buscando ser o melhor. Acredito que esse estímulo seja realmente necessário, mas houve uma citação de uma mãe que me assustou:
“Crianças devem se acostumar com o estresse”
A mãe quis dizer que as crianças devem se acostumar com o estresse da vida adulta desde bem novas, talvez esse costume com tantas atividades escolares desde bem novos faça da educação coreana uma das melhores do mundo. Porém eu me pergunto se tudo isso vale apena. Dados mostram que os adolescentes coreanos dormem em média três horas por noite, sem contar que esses adolescentes e crianças não sentem vontade alguma de estudar, tornando a maioria infeliz.
Eu realmente fiquei impressionada, eu creio que o Brasil deva se espelhar um pouco na educação asiática, afinal os países subdesenvolvidos só crescerão realmente quando perceberem que a base de tudo é a educação. Eu penso que os adolescentes necessitam ter atividades além da escola e precisam ter o habito de estudar para poderem realmente concorrer a vagas nas universidades.
A educação coreana se mostra de maneira eficaz, porém como tudo tem seu lado ruim, as escolas coreanas não abrem espaços para que os alunos dêem suas opiniões, eles se tornam adultos sem criatividades e sem muita opinião própria. É como se a Coréia estivesse criando robôs.
Um fato que me deixou muito feliz foi como os pais fazem de tudo para que seus filhos tenham bons estudos, um pai coreano venderia qualquer coisa que tivesse para seu filho poder estudar em uma boa escola, isso é comum na Coréia desde os tempos mais antigos. Enquanto no Brasil poucos pais fariam isso, o governo tem muita culpa em o Brasil não ter uma educação pública de qualidade, mas também tem um pouco de culpa dos pais que não tem a atitude de estimular seus filhos.
O documentário mostra de como o país teve um grande crescimento depois que a base do investimento do governo passou a ser educação. Algo no documentário que também achei muito interessante foi o fato de um dos empregos mais concorridos é o de professor, isso demonstra que eles investem muito nesse profissional.  
                O Brasil atualmente tem investido muito na educação, mas ainda vejo a educação brasileira muito distante da qualidade de educação dos países de primeiro mundo. Mas não basta só um incentivo do governo falta também a motivação dos pais e o interesse dos nosso jovens, que ainda vão para escola sem o intuito de estudar.



Segredos e Pecados, Capitulo VII



No escuro


With the lights out it's less dangerous
            Quando as luzes estão apagadas é menos perigoso

Here we are now entertain us
Aqui estamos agora entretenha-nos

I feel stupid and contagious
Sinto-me estúpido e contagioso

Here we are now entertain us
Aqui estamos agora entretenha-nos


Quando entrei a casa pude ouvir o rádio que estava no volume máximo, quem tinha ligado aquilo, não poderia ser minha irmã, ela odiava nirvana. Subi as escadas, minha irmã não estava em casa, desliguei o aparelho, pois tinha travado e estava repetindo a mesma parte da música. De repente as luzes apagaram. Nesse momento eu percebi o que estava acontecendo, ele queria brincar e agora era para valer. Talvez o refrão da música fosse um código, depois das luzes apagadas, eu deveria entretê-lo. Mas como? Talvez eu já tivesse, seja assim que ele se diverte.
– Você gosta de brincar não é? – Gritei. – Eu posso aprender a jogar seu jogo também. – As luzes começavam a piscar. – O que é isso?
– Cassie Agnelli. – Minha irmã gritava.
– Anabelle. – Gritei. Sai correndo até a sala. – Você está bem?
– Eu estou. Só quero saber por que você está gritando.
– Achei que tivesse algum ladrão em casa.
– Por quê?
– Eu não sei. – Agora eu estava ainda mais confusa. – A lâmpada do meu quarto apagou, depois começou a piscar. Sem contar o rádio ligado.
– A lâmpada deve ter queimado, e a música você deve ter colocado e não lembra.
– Deve ser. – Eu sabia que não, não havia colocado aquela música.
– Eu vou trocar a lâmpada e você vai fazer o jantar.
Depois do jantar, eu voltei para meu quarto e encontrei outro bilhete.

Vamos brincar? Agora é para valer? Eu ri tanto quando a luz apagou. Faça-me um favor? Vá até sua escola que lá tem um presentinho para você.

Beijos, com amor...

Eu estava com medo, isso era inevitável, porém eu queria saber o que me aguardava, minha curiosidade ia mais além. Fui até a escola, a lâmpada de uma sala estava piscando, então fui até lá, respirei fundo e fui ao meu provável fim. Tirei meu casaco cinza, coloquei sobre a maçaneta e abrir a porta, não queria deixar minhas digitais ali. Entrei na sala e a luz de repente apagou. Agora tudo fazia sentido.
Tirei o celular do bolso e usei como lanterna, tinha várias cadeiras jogadas e roupas rasgadas sobre o chão. Eu ouvia uma batida desde que entrei na sala, algo batia sem parar contra a parede. Aproximei-me e pude perceber que havia algo pendurado. Uma corda enrolava o pescoço de uma moça completamente nua, coloquei o celular próximo de seu rosto, era July, uma garota da minha turma, agora eu me tocava que era a minha sala. Havia um cartão escrito com tinta vermelha, talvez sangue, eu não sei.
Oi, tudo bem? Só queria te dizer que se você não me esquecer dessa vez, da próxima quem estará no lugar dela é você.
Beijos.
Eu puxei o cartão e coloquei em meu bolso, quando percebi havia pisado em uma poça de sangue, eu não podia sair com aquele sapato sujo, mas eu não tinha outra opção, sai correndo deixando pegadas por toda a parte, quando cheguei a minha casa, a lateral do meu tênis ainda estava sujo. Corri para o meu quarto, limpei o tênis, tomei um banho e fui para cama. Peguei todos os bilhetes e coloquei fogo, desesperada tudo o que eu queria era que tudo aquilo acabasse.

Aqueles cachos ruivos me atormentaram a noite toda, aqueles olhos derramando lágrimas de sangue, era tudo o que eu queria apagar de minha mente. Eu já sabia que amanhã não teria aula, não havia motivos para eu me levantar, mas eu precisava ir e fazer cara de surpresa, assim eu não seria suspeita, minhas pegadas estão por toda sala.
Tudo o que eu queria saber é por que ele me quer tanto, eu já nem tenho desejo de observar as pessoas, porque sei que agora estou sendo observada. Eu estou ficando louca, mas eu não posso fugir, eu prometi que seria forte agora, então terei que enfrentar tudo sozinha.

Não consegui dormir, passei a noite toda tentando apagar aquilo da minha mente. De manhã levantei da cama, tomei meu banho, vesti minha roupa normalmente. Fui para a escola, chegando lá estava cheio de pessoas em frente à escola. Perguntei a alguém o que tinha acontecido.
– O zelador encontrou uma garota enforcada, disseram que ela se matou. Só que parece que encontraram pegadas sujas de sangue por toda sala e corredor da escola.
– Então ela não se matou? – Fiz cara de chocada e desentendida.
– Provavelmente não.
Voltei para casa correndo. Eu deveria esquecer ele e voltar para minha velha rotina. Mas como ele sabia que eu o procurava? Ele ler mentes? Eu não sei. Só sei que eu deveria esquecer tudo aquilo. Eu precisava comer, então fui até a padaria, minha irmã vivia fazendo dieta, como eu não queria comer folhas, então sempre ia à padaria que era próximo a minha casa.
– Dois cupcake.
– Você come muito. – Disse Elisabeth.
– Você mora aqui? – Sorri.
– Só precisava espairecer.
– A maioria das pessoas não procura uma padaria para espairecer, mas nós somos diferentes. – Me sentei próximo a ela. – Você só toma cappuccino?
– Minha ex-sogra morreu. – Sua expressão era triste. - E meu ex-sobrinho vem morar comigo.
– Meus pêsames. – Meu rosto mudou de expressão rapidamente. - Mas se torna engraçado esse negócio de ex, tecnicamente ele nunca foi seu sobrinho.
– Acho que eu consegui uma amiga mais nova. – Ela sorriu.
– Qual o nome dele?
– De quem?
– Do sobrinho.
– Nathaniel. – Ela fez uma expressão de preocupação. – Nome bonito, não acha?
– Sim. Ele tem algum problema?
– Ele é um encrenqueiro. Já foi preso usando e vendendo drogas, já roubou um carro.
– Já matou? – A interrompi.
– Não que eu saiba. – Ela ficou chocada com a pergunta
– Que bom.
– Já te disseram que você é estranha?
– Já sim. – Eu rir. – Vou ver se tem bomba de chocolate, já volto.
– Minha nossa que fome. – Ela falou a me ver voltar com uma bomba de chocolate bem grande. – Aconteceu alguma coisa?
– Como deu para perceber pelo o meu tipo físico, eu como muito. Mas está acontecendo algo mesmo.
– O que?
– Desculpa, é segredo e se eu te contar não vai ser mais segredo. Mas como sua filha reagiu à morte da avó?
– Ela chorou, mas depois começou a gritar de raiva quando eu disse que o primo vem morar conosco.
– Nossa, eu pensava que a Ceci... Cecília era mais compreensível. – Quase falei o apelido que dei a ela, ia parecer muito intimo.
– Você realmente não a conhece.
– Desculpa me intrometer, mas como realmente é a sua filha?
– Incompreensível, mimada, egocêntrica. Acho que a culpa é minha que não soube educá-la.
– O seu marido? Vocês se separaram?
– Sim, nós nos separamos quando Cecília tinha oito anos. Ele morreu dois anos depois. – ela falou triste. – Eu tenho que ir trabalhar. – Ela pegou o casaco. – Antes d’eu ir. Esse é o número de uma nutricionista, sabe é para o seu bem.
– Tchau. – Sorri.
Peguei o número da nutricionista e sai. A Sra. Miller é legal, o melhor de tudo é que eu sendo amiginha dela, posso saber o que acontece com a minha querida Cecília. Meu celular começou a tocar e eu recebi uma mensagem de texto que dizia: “Me encontre em frente à escola”. Ele me disse para esquecer-lo, pensei que se esqueceria de mim também.
Cheguei à escola, era o Sam que me esperava. Samuel Singh era o meu único amigo. Ele tinha o cabelo preto, com uma franja enorme, os olhos azuis quase transparentes, ele usava lápis de olho e as unhas estavam pintadas de preto, ele era estranho, mas bonito.
– O que foi? – perguntei estressada.
– Nada de mais, só queria te dizer que eu fiz amizade com a Cecília, Alice e Mariana.
– Não podia ter dito isso pelo sms? Por que em frente à escola? Você é louco, aqui está cheio de policiais.
– Desculpa, pensei que você iria gostar. Você está fugindo da policia por acaso?
– Me desculpa também, eu estou estressada e você também não ajuda. É bom assim, você o pode espionar e me contar tudo.
– E o melhor de tudo é que eu vou ficar perto da Mari.
– Tinha me esquecido que ela é o amor de sua vida.
Conversamos mais um pouco e depois fui para casa. Agora sim tudo estava melhorando.

Deus Habita Em Mim Como Eu


Eu não sei por onde começar, eu sei que ultimamente eu não tenho dado atenção ao senhor, mas eu ando confusa e você não me mostrou o caminho certo. Faz tempo que eu não faço isso, então me perdoe se eu não estiver fazendo da maneira certa, pois eu não sei a maneira certa de falar com o senhor. Por toda minha vida eu sempre o procurei, mas eu sentia que estava fazendo da maneira errada, estava procurando o senhor no lugar errado. Mas hoje eu descobrir que Deus habita em mim, como eu.
Foi uma caminhada difícil até aqui, o senhor me deu algumas provas, mas eu não sei se eu fui aprovada. Por um tempo eu pensei que eu não pudesse acreditar em algo que eu não vejo e que não sinto, até que um dia eu pude sentir algo dentro de mim, então eu acredito que isso seja Deus.
Eu imagino que o senhor pai já esteja cansado dessa pergunta, mas estou seguindo o caminho certo? Porque eu me pergunto se um dia meus esforços valerão à pena, pois até agora eu não consegui nada com isso. Eu não quero ser egoísta, nem apressar o tempo, mas eu estou prestes a desistir. Porque eu estou cansada de lutar e não vencer nada, eu não queria fazer isso, mas ás vezes vem àquela sensação que nós humanos sentimos, aquela sensação de que estamos perdidos.
Por toda a minha vida eu fui uma boa filha, pelo menos é o que eu acredito ou o que eu pretendia ser. Pode parecer que eu estou andando em trilhos errados, mas não é bem assim, eu sou estou cansada. Eu não sei o senhor já se sentiu assim, como se estivesse fazendo a coisa errada todos os dias, como se o que você fizesse não melhorasse em nada a sua vida.
Eu posso parecer meio tola em pedi isso, mas eu preciso de um sinal para eu não desistir, para eu não jogar tudo fora. Eu não queria parecer fraca, mas você não pode parecer forte se você realmente não é. Eu sei que eu preciso parar de esperar que algo aconteça e viver minha vida, mas eu sinto um peso aqui dentro.
Eu não quero demonstrar para ninguém que eu posso conseguir, nunca foi minha pretensão, eu só queria mostrar isso para mim mesma. Porém eu me sinto perdida, e estou preste a desistir de encontrar o caminho certo, mas eu só não faço isso porque eu sei que Deus habita em mim, como eu.

Admito



Eu tenho medo, admito. Mas o medo é uma prova que existe um lado humano dentro de mim. Eu chorei, admito. Porque eu precisava limpar minha alma. Eu gritei, admito. Porque minhas cordas vocais precisavam de liberdade. Eu tremi, admito. Porque eu não tinha certeza do que estava fazendo. Eu questionei, admito. Mas isso é um sinal que o meu cérebro estar funcionando perfeitamente. Eu sofri, admito. Porque eu percebi tarde demais que você não iria me fazer feliz.
Admito que eu sempre tive duvidas sobre você, mas algo dentro de mim disse para eu me entregar, eu o questionei, mas depois eu simplesmente aceitei. Eu tive medo de estar fazendo a coisa errada, e fiz a coisa errada, não percebi o que meu sistema nervoso tentava me avisar.
Você chegou, foi como um vendaval, chega depressa, passa rápido e deixa estragos. Foi isso que você fez, estragou o que restava da minha vida.
Porque eu sou boba, porque no fundo eu acreditava no príncipe encantada, porque eu sempre vivi mais no meu mundo imaginário do que no mundo real. Porque eu fiz vários planos, eu levei anos para construir o castelo que você em pouco tempo o fez desmoronar. Eu levantei tijolo por tijolo e você derrubou todos de uma vez.
Mas é sempre assim, sempre tem uma idiota que acaba sendo enganada, porque no fundo toda garota, por mais esperta que seja, no fundo espera o príncipe encantado, por isso que todas sofrem. Quando se coloca muito expectativa em algo e ela não da certo, é como se o céu tivesse desabado.

Segredos e Pecados, Capitulo VI



Anjo preso ao chão


Se eu me matasse agora, isso demonstraria o quão egoísta eu sou. Talvez eu devesse fugir por um tempo, mas isso demonstraria a quão fraca eu sou. Não sei por que esse desejo me atormentara agora, só sei que eu sinto que algo ruim esta por vim. Talvez hoje eu fosse morrer.

Eu escrevia isso, olhando para todos os bilhetes no chão, o que ele queria de mim, eu não sei. No primeiro ele dizia que “a diversão começou agora”. Depois encontrei em frente aos meus ursos outro que dizia que “seu fim está próximo”. O terceiro eu encontrei dentro do meu diário, ele dizia “que pena você não é tão bonita”. O ultimo eu encontrei junto a meu travesseiro queimado, ele dizia “vamos brincar?”. Eu já estava cansada daquilo, e com muito medo.

No momento em que toquei aquele papel, pude sentir o medo correr por minhas veias. Ninguém mais havia sido encontrado morto, talvez eu fosse à próxima.

Não tive a menor vontade de ir para a aula hoje, tudo o que eu queria era me esconder do mundo e dele. Pela primeira vez eu não estava mal por não saber se algo de interessante havia acontecido na escola, nem todos os segredos que perdi. Tudo o que eu queria era está livre, era como se eu estivesse presa ao chão.
Levantei-me, tomei um banho, e prendi meus cabelos ainda molhados em um rabo de cavalo, calcei meu all star velho e minha calça desbotada, vesti um moletom preto, e sai para comprar algo para comer. Quando cheguei à padaria uma mulher simpática estava esperando que alguém a atendesse.
– Olá. – Nossa, ela notou minha presença.
– Oi. – Falei desanimada.
– Parece que ninguém quer vim nos atender. – Ela falou sorrindo.
Ela tinha o cabelo castanho escuro liso, estava cortada em camada e na altura dos seus ombros, sua pele era bonita, bem cuidada, e pareciam ter um pouco mais de trinta anos, seus olhos azuis se destacavam em seu rosto claro, sua boca era levemente carnuda, o nariz bem feito, e um corpo que eu queria ter. Suas bochechas rosadas ressaltavam o seu rosto, seu sorriso era bonito.
– O que a senhora vai querer? – Falou o homem me ignorando plenamente.
– Eu quero um cappuccino e um pãozinho.
Ele trouxe o que ela pediu, os outros garçons estavam atendendo outras pessoas, a maioria me ignorava como se não me visse. A mulher se levanta e fala com um dos atendentes.
– A moça está a um bom tempo aqui, você deveria atender-la.
– Desculpe-me, eu não tinha visto. – Que legal, eu sou invisível. – O que a senhorita deseja?
– Um suco de melancia, um pão de mel e uma trufa.
Ele entregou meu pedido, a senhora me chamou, acho que ela queria que eu sentasse perto dela.
– Minha filha nunca comeria um pão de mel, ela mal come.
– Qual o nome da sua filha?
– Cecília. Desculpa-me por não ter me apresentado antes, meu nome é Elisabeth Miller.
– Prazer. Meu nome é Cassie.
– Você conhece minha filha?
– De vista, ela é do terceiro, eu sou do primeiro. – Eu sorri. – Mas a senhora é tão nova para ser mãe dela.
– Que é isso, já passei dos quarenta.
– Nossa! Não parece. – Não parecia mesmo.
Passamos algum tempo conversando e depois ela foi para a sua casa, ela me ofereceu uma carona, mas eu falei que iria correr. Corri até passar em frente à escola, percebi que todos os alunos já haviam saído. Dei umas voltas e passei em frente uma soverteria, vi Cecília, Alice e Mariana sentadas conversando. Resolvi entrar e sentei próximo a elas. Quando eu não queria ser notada, a garçonete aparece.
– O que a senhorita vai querer?
– Um sundae de chocolate, com chantili e cereja. – Minha nossa desse jeito eu ia engordar ainda mais.
Ela trouxe meu sundae, as meninas não conversavam nada de interessante. Até que um rapaz em torno de vinte dois a vinte seis anos se aproximou das meninas, ele era loiro, alto, tinha os olhos castanhos claros e pequenos, o cabelo um pouco bagunçado e a baba mal feita. Ele era simplesmente lindo, um dos caras mais lindo que eu já conheci.
– Miguel. – Gritou Mariana animada. – Meninas, esse é o meu irmão Miguel, e essas são minhas amigas Alice e Cecília. – Disse ela apontando para cada uma.
– Muito prazer em conhecê-las. – Disse ele sorrindo.
– Sente-se conosco. – falou Alice se insinuando descaradamente. – Você é muito alto para ser irmão da Mari, mas tem um sorriso lindo que nem ela.
– Porém não tão lindo quanto o seu.
– Acho que nós estamos sobrando. – Disse Cecília para Mariana.
– Quantos anos você tem? – Perguntou Alice.
– vinte e oito.
– Você fez faculdade de que? – Alice normalmente vai primeiramente para a cama e depois pergunta o nome.
– Eu sou cientista político, eu cursei em Yale.
– Ele mora em Nova Iorque, mas está pensando em morar aqui. – Mariana parecia entusiasmada.
Mariana e Alice foram para o banheiro, deixando Cecília e Miguel as sós.
– Nós poderíamos sair qualquer dia desses, só nós dois. – Cecília parecia não entender as palavras de Miguel.
– Penso que a Alice não vai gostar muito disso.
– Ela vai entender. – Ele tocou a mão dela. – Posso te pegar na sexta à noite?
– Tudo bem, eu acho.
– Não se preocupe, Mariana pode me ensinar onde é a sua casa.
Miguel foi embora. Depois as meninas voltaram.
– Cadê ele? – Perguntou Alice
– Já foi. – Disse Cecília sorrindo.
– Cecília tem o dom de espantar os homens. – Disse Alice rindo.
Elas continuaram conversando, depois de um tempo elas foram embora e eu pedi a conta a garçonete.
– Quanto é?
– Não precisa, um rapaz pagou e deixou esse bilhete. – Disse ela me entregando o papel.
– Quem é esse rapaz? Não sei, ele estava com um capuz preto, fiquei até com medo.
Sai da soverteria. Eu estava com medo de abrir o bilhete. Até que eu resolvi ler o que tinha escrito, desta vez foi escrito a mão.

Pensei que depois dos meus bilhetes você não iria mais sair de casa.

Não consigo entender o que ele quer tanto comigo, se quisesse me matar já teria feito isso, mas algo que me incomodava mais do que os bilhetes, era não saber quem era ele. Voltei para casa e me tranquei no meu quarto olhando para o bilhete, agora eu sabia pelo menos como era a letra dele, se é que era a letra dele.

Dezembro


Eu me lembro de quando nós nos conhecemos, era um dezembro de tempestade, estava frio e o destino já parecia ter arquitetado tudo. Foi um longo e escuro dezembro, onde o céu anoiteceu e a chão se abriu, estávamos todos perdidos. Era o fim.
Eu me lembro de um dezembro triste onde pessoas choravam e o vento soprava uma música melancólica. Eu me lembro de um dezembro amargurado quando os corações das pessoas guardavam rancor, quando em meu peito vivia a dor.
Em me lembro que todos nos olhavam, vendo nossos corpos congelar. Seu olhar imóvel não dizia nada, sua boca e nenhuma parte do seu corpo não diziam nada. O seu silêncio tornava o dezembro mais difícil.
Se você me ama, não vai me deixar saber?
Eu me lembro de um dezembro desprezível, quando as pessoas deixaram nós congelarmos sem fazerem nada, continuavam nos olhando de suas janelas seguras. E você continuava em silêncio, mas eu estava ao seu lado, assim o frio se tornava mais suportável.
Se você me ama, não vai me deixar saber?
Eu me lembro que naquele dezembro te esquentei, eu te levei para um lugar seguro, tentei fazer daquele dezembro um mês feliz. Mas você me olhava sem dizer nada. Eu fiz o dezembro se iluminar, fiz de meus braços o seu porto seguro, mas você continuava em silêncio. Será que se eu fosse embora você me deixaria ir? Você teria continuado calado?
Se você me ama, não vai me deixar saber?

Segredos e Pecados, Capitulo V

Orgulho



Quando acordei Jennifer já havia ido, e deixado um bilhete que dizia:

Obrigado, mas é como você disse: é melhor não nos conhecermos e fingirmos que isso nunca aconteceu.

Nossa! Parecia até que tínhamos transado! Garota dramática. É bem melhor assim, então meus planos continuaram intactos.
Fui para a escola e sentei em uma mesa que dava para ver e ouvir bem os setes pecados, que nesse momento eram apenas três, Matt, Luc e Ash. Até Kris chega com Ceci.
– Oi pessoal, essa é a Cecília. – Kristen sentou ao lado de Luc e Cecília continuou em pé.
– Pode sentar. – Falou Mathews puxando a cadeira.
– Pensei que nós não convidássemos qualquer um para sentar conosco. Essa mesa sempre foi exclusiva.
– Ela não é qualquer uma Ashley. – Mathews se irritou.
– Mas Clarissa, está gostando da escola? Eu sinto saudade do primeiro ano, não queria me formar agora. – Ela mexia no cabelo. – Você repetiu alguma vez? Nem parece ser do primeiro.
– Não pareço porque não sou, e sim do terceiro. Eu estou na mesma turma de biologia com você.
– Ah. Já recebeu convite de alguma universidade? – Falou ela sorrindo maliciosamente.
– Ainda é cedo. – Falou Matt.
– Na verdade não, mas pretendo ir para Universidade Columbia.
– Ótima universidade. Eu já recebi convites de várias, inclusive dela, afinal eu sou uma aluna exemplar. – Ashley se gabava.
– Ela seria considerada nerd  se não fosse tão popular. – Jennifer chegou se sentando ao lado de Ashley.
– Mas meus planos são mesmo Oxford, sempre quis morar na Inglaterra.
– Deixa de se exibir Ashley. – Falou Jennifer.
– Deixa mesmo, em Oxford não se consegue entrar dormindo com o Heitor. – Disse Tyler se juntando ao grupo.
– Você terá sorte se entrar em uma faculdade qualquer, idiota. – Disse Ashley irritada.
– Parem, por favor, assim vocês vão assustar a menina. – Falou Kristen.
– Desculpa Celina, mas Tyler é um mal educado.
– Meu nome é Cecília.
– Tanto faz. Adorei seu cabelo, é muito bonito. – Ashley era tão fútil.
– Obrigada. Tenho que ir preciso falar com uma colega.
Ashley puxou seu braço e sussurrou em seu ouvido:
– Cuidado com quem você fala; você pode ter muito futuro aqui, só basta querer e saber agir e andar com as pessoas certas. Quem sabe um oitavo pecado. – Ashley a soltou e sorriu.
Eu me levantei e seguir Cecília, ela foi falar com Alice.
– Oi.
– Olha a senhorita perfeição andando com os setes pecados, eu não sabia que existia o oitavo. – Alice falou aos risos.
– Não existe. Mas eu amei o cabelo liso. – Falou ela tocando no cabelo de Alice.
– Eu sei, dá um ar boa moça. – Sorriu maliciosamente.
– Eu posso dormir na sua casa hoje? É que minha mãe vai passar a noite no hospital e eu tenho medo de ficar em casa sozinha.
– Tudo bem. Ela está doente?
– Não, é médica.
– Ah, sim. – Ela riu. - Eu vou falar com meus pais.
O sinal tocou, e eu tinha aula de Química. A Aula foi uma droga, eu odeio a maldita química e o professor Taylor é um chato. Depois tive minhas aulas preferidas de inglês, literatura, história e francês. E foi a aula de francês a mais interessante, que é onde a professora Chastellain nos apresentou uma novata, Catherine Bennett. Ela tinha um cabelo castanho com um corte chanel, olhos verdes escuros, o nariz pequeno e a boca também,era baixa, magra, andava como se estivesse dançando, o menino do meu lado disse que ela é bailarina. Talvez fosse mais uma nova pecadora para a minha lista, ou talvez eu não devesse me importar com ela.
Meu armário era do lado do de Catherine. Mathews ia passando e ela ficou olhando até que resolveu falar.
– Mathews Woods.
Ele não teve nenhuma reação. Ela puxou o braço dele.
– Vai fingir que não me conhece?
– Eu não conheço.
– Eu já pedi desculpas.
– Quem disse que eu aceitei.
– Seu orgulho ainda vai acabar com você. – Ela tocou em sua mão e ele tirou no mesmo instante. – Eu não tive culpa, eu ia contar para você, mas eu não queria te machucar.
– Mentindo machucou ainda mais.
– Ele me obrigou.
– Vocês achavam que eu nunca descobriria?
– Talvez. – Seus olhos se enchiam de lágrimas.
– Por que você voltou hein?
– Para implorar seu perdão. – Ela chorava como um bebê. – Eu não vou conseguir viver em paz sem o seu perdão.
– Que bom, espero que sua vida se torne um inferno. – Ele saiu deixando-a chorando.
– Já é um inferno.
Ela foi embora. Eu fiquei pensando no que tinha acontecido o que ele nunca perdoou. O que ela tinha? Entre meus pensamentos me dei conta que estava sozinha na escola.
Eu passeava pelos corredores, era tão diferente aquilo tudo vazio. Quando passei em frente o laboratório de biologia, não acreditei no que vi. Arthur estava beijando a Srta. Potter, a nossa professora de biologia. Ela estava sentada na mesa, só de sutiã e a saia levantada, ele estava em pé e sem camisa, ele estava com uma mão na perna dela e a outra no seio. Ela começou a tirar a calça dele, enquanto ele levantava ainda mais a sua saia. Resolvi parar de olhar, pois eles poderiam perceber minha presença, e eu também não estava a fim de ver um pornô ao vivo.
O Arthur e a Srta. Potter não foi nenhuma surpresa. O que realmente me fazia perder o sono era o que havia acontecido com Catherine e Mathews, o que o machucou tanto, quem era essa Catherine, eu não sabia nada sobre ela.