No escuro
With the lights out it's less dangerous
Quando as luzes estão apagadas é menos perigoso
Here we are now entertain us
Aqui estamos agora entretenha-nos
I feel stupid and contagious
Sinto-me estúpido e
contagioso
Here we are now entertain us
Aqui estamos agora entretenha-nos
Quando entrei a casa pude ouvir o
rádio que estava no volume máximo, quem tinha ligado aquilo, não poderia ser
minha irmã, ela odiava nirvana. Subi as escadas, minha irmã não estava em casa,
desliguei o aparelho, pois tinha travado e estava repetindo a mesma parte da
música. De repente as luzes apagaram. Nesse momento eu percebi o que estava
acontecendo, ele queria brincar e agora era para valer. Talvez o refrão da
música fosse um código, depois das luzes apagadas, eu deveria entretê-lo. Mas
como? Talvez eu já tivesse, seja assim que ele se diverte.
– Você gosta de
brincar não é? – Gritei. – Eu posso aprender a jogar seu jogo também. – As
luzes começavam a piscar. – O que é isso?
– Cassie Agnelli. –
Minha irmã gritava.
– Anabelle. –
Gritei. Sai correndo até a sala. – Você está bem?
– Eu estou. Só
quero saber por que você está gritando.
– Achei que tivesse
algum ladrão em casa.
– Por quê?
– Eu não sei. –
Agora eu estava ainda mais confusa. – A lâmpada do meu quarto apagou, depois
começou a piscar. Sem contar o rádio ligado.
– A lâmpada deve
ter queimado, e a música você deve ter colocado e não lembra.
– Deve ser. – Eu
sabia que não, não havia colocado aquela música.
– Eu vou trocar a
lâmpada e você vai fazer o jantar.
Depois do jantar,
eu voltei para meu quarto e encontrei outro bilhete.
Vamos brincar? Agora é para valer? Eu ri tanto
quando a luz apagou. Faça-me um favor? Vá até sua escola que lá tem um
presentinho para você.
Beijos, com amor...
Eu estava com medo,
isso era inevitável, porém eu queria saber o que me aguardava, minha
curiosidade ia mais além. Fui até a escola, a lâmpada de uma sala estava
piscando, então fui até lá, respirei fundo e fui ao meu provável fim. Tirei meu
casaco cinza, coloquei sobre a maçaneta e abrir a porta, não queria deixar
minhas digitais ali. Entrei na sala e a luz de repente apagou. Agora tudo fazia
sentido.
Tirei o celular do
bolso e usei como lanterna, tinha várias cadeiras jogadas e roupas rasgadas
sobre o chão. Eu ouvia uma batida desde que entrei na sala, algo batia sem
parar contra a parede. Aproximei-me e pude perceber que havia algo pendurado.
Uma corda enrolava o pescoço de uma moça completamente nua, coloquei o celular
próximo de seu rosto, era July, uma garota da minha turma, agora eu me tocava
que era a minha sala. Havia um cartão escrito com tinta vermelha, talvez
sangue, eu não sei.
Oi, tudo bem? Só
queria te dizer que se você não me esquecer dessa vez, da próxima quem estará
no lugar dela é você.
Beijos.
Eu puxei o cartão e
coloquei em meu bolso, quando percebi havia pisado em uma poça de sangue, eu
não podia sair com aquele sapato sujo, mas eu não tinha outra opção, sai
correndo deixando pegadas por toda a parte, quando cheguei a minha casa, a
lateral do meu tênis ainda estava sujo. Corri para o meu quarto, limpei o
tênis, tomei um banho e fui para cama. Peguei todos os bilhetes e coloquei
fogo, desesperada tudo o que eu queria era que tudo aquilo acabasse.
Aqueles
cachos ruivos me atormentaram a noite toda, aqueles olhos derramando lágrimas
de sangue, era tudo o que eu queria apagar de minha mente. Eu já sabia que
amanhã não teria aula, não havia motivos para eu me levantar, mas eu precisava
ir e fazer cara de surpresa, assim eu não seria suspeita, minhas pegadas estão
por toda sala.
Tudo o que
eu queria saber é por que ele me quer tanto, eu já nem tenho desejo de observar
as pessoas, porque sei que agora estou sendo observada. Eu estou ficando louca,
mas eu não posso fugir, eu prometi que seria forte agora, então terei que
enfrentar tudo sozinha.
Não consegui
dormir, passei a noite toda tentando apagar aquilo da minha mente. De manhã
levantei da cama, tomei meu banho, vesti minha roupa normalmente. Fui para a
escola, chegando lá estava cheio de pessoas em frente à escola. Perguntei a
alguém o que tinha acontecido.
– O zelador
encontrou uma garota enforcada, disseram que ela se matou. Só que parece que
encontraram pegadas sujas de sangue por toda sala e corredor da escola.
– Então ela não se
matou? – Fiz cara de chocada e desentendida.
– Provavelmente
não.
Voltei para casa
correndo. Eu deveria esquecer ele e voltar para minha velha rotina. Mas como
ele sabia que eu o procurava? Ele ler mentes? Eu não sei. Só sei que eu deveria
esquecer tudo aquilo. Eu precisava comer, então fui até a padaria, minha irmã
vivia fazendo dieta, como eu não queria comer folhas, então sempre ia à padaria
que era próximo a minha casa.
– Dois cupcake.
– Você come muito.
– Disse Elisabeth.
– Você mora aqui? –
Sorri.
– Só precisava
espairecer.
– A maioria das
pessoas não procura uma padaria para espairecer, mas nós somos diferentes. – Me
sentei próximo a ela. – Você só toma cappuccino?
– Minha ex-sogra
morreu. – Sua expressão era triste. - E meu ex-sobrinho vem morar comigo.
– Meus pêsames. –
Meu rosto mudou de expressão rapidamente. - Mas se torna engraçado esse negócio
de ex, tecnicamente ele nunca foi seu sobrinho.
– Acho que eu
consegui uma amiga mais nova. – Ela sorriu.
– Qual o nome dele?
– De quem?
– Do sobrinho.
– Nathaniel. – Ela
fez uma expressão de preocupação. – Nome bonito, não acha?
– Sim. Ele tem
algum problema?
– Ele é um
encrenqueiro. Já foi preso usando e vendendo drogas, já roubou um carro.
– Já matou? – A
interrompi.
– Não que eu saiba.
– Ela ficou chocada com a pergunta
– Que bom.
– Já te disseram
que você é estranha?
– Já sim. – Eu rir.
– Vou ver se tem bomba de chocolate, já volto.
– Minha nossa que
fome. – Ela falou a me ver voltar com uma bomba de chocolate bem grande. –
Aconteceu alguma coisa?
– Como deu para
perceber pelo o meu tipo físico, eu como muito. Mas está acontecendo algo
mesmo.
– O que?
– Desculpa, é
segredo e se eu te contar não vai ser mais segredo. Mas como sua filha reagiu à
morte da avó?
– Ela chorou, mas
depois começou a gritar de raiva quando eu disse que o primo vem morar conosco.
– Nossa, eu pensava
que a Ceci... Cecília era mais compreensível. – Quase falei o apelido que dei a
ela, ia parecer muito intimo.
– Você realmente
não a conhece.
– Desculpa me
intrometer, mas como realmente é a sua filha?
– Incompreensível,
mimada, egocêntrica. Acho que a culpa é minha que não soube educá-la.
– O seu marido?
Vocês se separaram?
– Sim, nós nos
separamos quando Cecília tinha oito anos. Ele morreu dois anos depois. – ela
falou triste. – Eu tenho que ir trabalhar. – Ela pegou o casaco. – Antes d’eu
ir. Esse é o número de uma nutricionista, sabe é para o seu bem.
– Tchau. – Sorri.
Peguei o número da
nutricionista e sai. A Sra. Miller é legal, o melhor de tudo é que eu sendo
amiginha dela, posso saber o que acontece com a minha querida Cecília. Meu
celular começou a tocar e eu recebi uma mensagem de texto que dizia: “Me
encontre em frente à escola”. Ele me disse para esquecer-lo, pensei que se
esqueceria de mim também.
Cheguei à escola,
era o Sam que me esperava. Samuel Singh era o meu único amigo. Ele tinha o
cabelo preto, com uma franja enorme, os olhos azuis quase transparentes, ele
usava lápis de olho e as unhas estavam pintadas de preto, ele era estranho, mas
bonito.
– O que foi? –
perguntei estressada.
– Nada de mais, só
queria te dizer que eu fiz amizade com a Cecília, Alice e Mariana.
– Não podia ter
dito isso pelo sms? Por que em frente à escola? Você é louco, aqui está cheio
de policiais.
– Desculpa, pensei
que você iria gostar. Você está fugindo da policia por acaso?
– Me desculpa
também, eu estou estressada e você também não ajuda. É bom assim, você o pode
espionar e me contar tudo.
– E o melhor de
tudo é que eu vou ficar perto da Mari.
– Tinha me
esquecido que ela é o amor de sua vida.
Conversamos mais um
pouco e depois fui para casa. Agora sim tudo estava melhorando.